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EUA suspendem sanções à Síria visando ampliar os Acordos de Abraão

EUA suspendem sanções à Síria visando ampliar os Acordos de Abraão

O presidente Donald Trump formalizou a revogação das sanções dos EUA contra a Síria, com o objetivo de reintegrar o país devastado pela guerra civil à economia global.

A medida ocorre em meio às tentativas de Israel de estabelecer relações com a nova liderança síria, com a perspectiva da entrada do país nos Acordos de Abraão até o final deste ano.

Em maio, Trump suspendeu a maior parte das sanções impostas à Síria, atendendo a solicitações de países como Arábia Saudita e Turquia.

A decisão veio após a ascensão de Ahmed al-Sharaa – ex-guerrilheiro islâmico – ao poder, encerrando cinco décadas de domínio da família Assad.

Por meio de uma ordem executiva, o presidente americano pôs fim à “emergência nacional” vigente desde 2004, que havia estabelecido sanções abrangentes contra a Síria, impactando diretamente instituições estatais como o banco central.

“Este é um esforço para promover e apoiar o caminho do país rumo à estabilidade e à paz”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, aos repórteres.

Brad Smith, funcionário do Departamento do Tesouro responsável pelas sanções, disse que a medida "acabará com o isolamento do país do sistema financeiro internacional, preparando o cenário para o comércio global e galvanizando investimentos de seus vizinhos na região, bem como dos Estados Unidos".

As novas diretrizes mantêm em vigor sanções direcionadas a integrantes do antigo regime, entre eles Bashar al-Assad, que se refugiou na Rússia no final do ano passado.

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Assaad al-Shibani, disse que a ação dos EUA marcou um “grande ponto de virada”.

“Com a remoção deste grande obstáculo à recuperação económica, abrem-se as portas há muito esperadas para a reconstrução e o desenvolvimento”, assim como as condições “para o regresso digno dos sírios deslocados à sua terra natal”, escreveu no X.

Recentemente, a Síria efetuou sua primeira transferência eletrônica via sistema bancário internacional desde o início da guerra civil em 2011.

A Síria continua incluída na lista norte-americana de Estados patrocinadores do terrorismo – uma classificação que pode levar tempo para ser revogada e que representa um forte obstáculo ao investimento estrangeiro.

O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o Departamento de Estado irá revisar a classificação da Síria como Estado patrocinador do terrorismo, além das designações ligadas a Ahmed al-Sharaa e ao grupo Hayat Tahrir al-Sham, braço da Al-Qaeda sob sua liderança.

Oriente Médio transformado

Após a queda de Assad, Israel manteve ataques a instalações militares em território sírio, seu adversário histórico. Inicialmente, o governo israelense demonstrou reservas quanto ao rumo político da Síria sob a liderança de Ahmed al-Sharaa, ex-integrante de uma facção vinculada à Al-Qaeda.

Na segunda-feira, Israel manifestou interesse em normalizar relações diplomáticas com a Síria e o Líbano, como parte da ampliação dos chamados “Acordos de Abraão” – iniciativa que, se concretizada, representaria uma mudança significativa na dinâmica geopolítica do Oriente Médio.

A influência antes dominante do estado teocrático iraniano na Síria e no Líbano sofreu uma queda acentuada, enfraquecida pelos intensos ataques militares israelenses após os atentados conduzidos pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.

Autoridades do governo Trump justificaram a suspensão das sanções à Síria como uma estratégia para promover a reintegração do país ao contexto regional e estimular iniciativas diplomáticas por parte de Israel.

Segundo Tom Barrack, embaixador dos EUA na Turquia e aliado próximo de Trump nas negociações sobre a Síria, os intensos ataques de Israel ao Irã em junho abriram uma “janela inédita” para transformações diplomáticas na região.

“É uma oportunidade que nunca vimos, e este presidente montou uma equipe que pode realmente fazer isso acontecer”, disse Barrack aos repórteres.

Antes do anúncio inesperado de Trump sobre o relaxamento das sanções à Síria – feito durante sua visita à Arábia Saudita – os EUA mantinham como prioridade avanços em áreas estratégicas, especialmente na garantia de proteção às minorias.

Desde a queda de Bashar al-Assad – líder secular vinculado à minoria alauíta – o país tem registrado uma escalada de ataques significativos contra grupos minoritários.

Pelo menos 25 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um alegado ataque islâmico a uma igreja ortodoxa grega em Damasco, ocorrido em 22 de junho.

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